sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Eu aprovo!

Hoje sou uma espécie de jornalista.

Conto-vos a história de David James, jogador de Rugby de nacionalidade inglesa, 23 anos.
Antes de mais, paz à sua alma.
E o que tem de especial a história deste rapaz? Pois bem... David era um desportista, amava o rugby, era este a sua alma-gémea e de um momento para o outro tudo mudou.
Como? Num treino onde tudo parecia correr bem.. David sofreu um choque que acabou com os seus sonhos.
A fractura das vértebras C6 C7 revelou-se irreversível. David ficou paraplégico e com limitações motoras a todos os níveis.
Este corajoso rapaz fez tudo ao seu alcance para lutar contra a dor e a sua inoperância total, mas falhou.
Não aguentou mais. E eu compreendo.

Um desportista não é uma pessoa normal, é uma pessoa cuja vida é orientada quase exclusivamente para o prazer de correr, saltar, ganhar.
Coloquem-se na pele deste rapaz e pensem para vocês mesmos: conseguiria eu, aos 23 anos, aceitar viver o resto da minha vida preso a uma cadeira de rodas e com todas as minhas funções motoras afectadas sendo impossível viver, pois viver significava fazer desporto?
Eu consigo responder a esta questão em fracções de segundo e sem qualquer dúvida: eu renegaria a vida. E foi o que o jovem David fez.
E eu aprovo. Insisto: aprovo! sem hesitação.
Quem me conhece percebe o porquê de eu entender, não na totalidade claro, o problema do britânico.

Porém, este jovem não se suicidou, David provou aos pais e irmãos o porquê de ele considerar que viver já era impossível para ele.
Os familiares num acto que eu considero como generosidade divina e que eu aplaudo vivamente, levaram David até uma clínica na Suiça para procederem a um suicídio consciente e assistido.
Isto não é cobardia, isto é coragem!
Muitos de vós poderão chamar-me frio, cruel, insensato, entre tantos outros nomes possíveis ou imaginários por apoiar este gesto, mas todos somos diferentes, todos temos as nossas prioridades na vida, todos temos os nossos sonhos, todos temos livre arbítrio para considerarmos o que é mais acertado e errado e, acima de tudo, cada um de nós tem um percurso passado, presente e futuro idealizado que já percorreu, percorre e ambiciona percorrer respectivamente.
Eu identifico-me com o David.
Sou um desportista arredado do mundo do desporto há mais de 9 meses e tenho dedicado todos os segundos da minha vida desde então a lutar para regressar, sem desistir, sem cessar, com esperanças por vezes vãs, por vezes reais, mas luto.

Porém, eu não passei nem estou a passar por aquilo que o pobre David passou, porque eu posso lutar e ele não.
No lugar de David teria feito exactamente a mesma coisa e o que mais gostaria era que todos os meus familiares e amigos percebessem que era o mais acertado a fazer, tal como os seus perceberam, cumprindo-lhe assim o seu último sonho: findar a dor.

1 comentário:

Someone Lost disse...

Perceber, até percebiamos... Aprovar, não contes com isso! Lembra-te que para os amigos não és um desportista, és bem mais que isso (isto aplicado à situação de nunca mais poderes fazer desporto).

Agora uma pessoa ficar paraplégica é outra coisa... Independentemente de se ser desportista ou não, é uma condição de vida que não devia ser "imposta" a ninguém!